sábado, 29 de outubro de 2011

PETER KURTEN – O VAMPIRO DE DÜSSELDORF








   
Peter Kurten foi mencionado na página 31 do livro “VAMPIRO – O FANTASMA NEGRO”, de nossa autoria. Todavia ali foram passadas ao leitor, sumariamente, as informações necessárias para compor uma nota de rodapé, ao contrário do presente artigo, no qual se pode dedicar mais atenção a tão importante assunto.

A maior parte das informações contidas abaixo foi extraída do livro “O PROCESSO DO VAMPIRO DE DUSSELDORF”, lançado pela Editora Noblet na década de 70, muito embora outras fontes tenham sido igualmente consultadas.

Quando se fala em vampiro a primeira imagem que nos vem à mente, com toda certeza, é aquela do cinema, a qual, por sua vez, vem quase sempre embasada no romance “DRÁCULA” de autoria do escritor irlandês Bram Stoker, fundamentada em lendas da península balcânica e da região dos Cárpatos, as quais, por sua vez, desautorizam por completo a existência de vampiros vegetarianos e que brilham sob o sol, como escreveu Stephenie Meyer na série “Crepúsculo”.

Entretanto, ao longo da história, inúmeras homens e mulheres existiram, os quais, historicamente, foram reconhecidos como vampiros, sendo verdadeiro exemplo disso Vlad Tapes (Vlad, o Empalador), filho de Vlad Dracul (Vlad, o Dragão), herói do povo romeno, o qual certamente inspirou o romancista irlandês no clássico da literatura gótica que deu origem a centenas de outras obras, entre filmes, livros e revistas.

Ao contrário de inúmeros outros casos, nos quais a distância histórica impossibilita o respaldo de documentação fidedigna (Gilles de Retz ou Elizabeth Bathory, por exemplo), ou quando inexiste a identificação do autor do crime (como é o caso de Jack, o Estripador), Kurten é um fantasma recente, documentado historicamente, cujas vítimas são conhecidas, e que é um exemplo vivo de que o vampirismo transcende as raias de tudo quanto pode ser humanamente ponderável.

Verdadeiro desafio à psicologia forense, Peter Kurten, de família numerosa e pobre (o terceiro de treze filhos), nascido aos 26 de maio de 1.883, cresceu como um bicho, assombrado pela miséria em pleno início da industrialização, onde a luta pela sobrevivência não escolhia armas, nem inimigos.

Seu pai, alcoólatra, espancava a mãe e as crianças, isso quando não tentava alguma prática ignóbil com os filhos, como o atentado sexual que Kurten viu seu pai perpetrar contra uma de suas irmãzinhas (em 1.897 seu pai foi condenado a um ano e três meses de reclusão pela prática de incesto com uma das filhas).

Desde a mais tenra idade Kurten esteve envolvido em algum tipo de delito, e era um fugitivo freqüente. Mais tarde ele alegaria ter cometido seus primeiros assassinatos com a idade de nove anos, afogando dois jovens amigos enquanto nadava. 

Quando jovem, Kurten foi contratado pela carrocinha local, um emprego que lhe permitiu praticar crueldade contra animais, auxiliando na matança de cães.

No início da vida adulta, Peter Kurten foi convocado para o Exército, mas desertou. Para divertir-se, desenvolveu a piromania: colocava fogo em celeiros e excitava-se sexualmente com a possibilidade de estar matando algum mendigo que lá dormisse.

Em 1.905, Peter Kurten foi condenado a sete anos de prisão, por roubo. Diria, depois, que envenenou vários colegas de prisão.

Pouco depois de sair da cadeia, perto de completar 30 anos, Peter Kurten foi abordar algumas mulheres, em um restaurante. Um garçom tentou afastá-lo e Kurten atirou nele, mas não o matou. Voltou para a cadeia por mais um ano. 

Kurten se mudou com sua família para Düsseldorf em 1.894, onde passou por inúmeros períodos de prisão em razão de diversos delitos e pequenos crimes, incluindo roubo e incêndio criminoso. Recolhido à prisão, deixava-a para voltar quase em seguida.

Seu primeiro assassinato ocorreu aos 25 de maio de 1.913, em Colônia-Mülheim, na festa de “Corpus Christi”. No albergue de Peter Klein, surpreendido durante um furto, Kurten primeiro asfixiou, e depois cortou a garganta da menina Khristine Klein e penetrou sua vagina com os dedos, espetáculo este que elevou ao máximo as sensações sexuais do assassino. Antes de se evadir, deixou cair um lenço com suas iniciais. Mas, pouco antes, o pai da garota havia discutido com o irmão, que acabou sendo acusado e julgado – e inocentado, por falta de provas.

Seus crimes foram, então, interrompidos pela primeira guerra mundial, além de uma pena de prisão de oito anos. Em 1.921, ele deixou a prisão e se mudou para Altenburg , onde se casou. Em 1.925 ele voltou para Düsseldorf , onde começou a série de crimes que culminariam na sua captura e sua condenação à prisão por vários anos.

No dia 3 de fevereiro de 1.929, domingo, Kurten atacou a golpes de tesoura a senhora Apollonia Künh, a qual, porém, recobrou os sentidos mais tarde, tendo buscado socorro, inobstante as 24 perfurações em seu corpo (notadamente o seio esquerdo), inclusive com uma das pontas da tesoura enfiada sob a pele do seu crânio.

Aos 08 de fevereiro de 1.929, uma semana após o atentado contra a senhora Kühn, Peter Kurten encontra a pequena Rosa Ohliger, de oito anos de idade, que se havia perdido à noite na volta para casa.  “Venha comigo, eu vou levá-la de volta para casa”, disse-lhe Kurten, arrastando-a para a Rua Kettwig. Naquele local Kurten apertou a garganta da criança até que ela desmaiasse. Depois enterrou-lhe a tesoura na têmpora direita e no seio esquerdo, o que lhe proporcionou intenso estímulo sexual, abandonando a criança morta e retornando à sua casa.

No dia seguinte, encheu de gasolina uma garrafa de bebida e retornou ao local do crime, ateando fogo ao corpo da criança.

A autópsia revelou catorze ferimentos: um na têmpora e treze no peito, alguns desferidos com tamanha violência que haviam atingido o coração. A morte fora instantânea.

Em 13 de fevereiro, ele assassinou um mecânico de meia-idade, esfaqueando-o 20 vezes. Kürten não atacou novamente, até agosto, quando esfaqueou três pessoas em ataques separados no dia 21. 

No dia 22 de agosto Kurten assassinou duas irmãs, uma com cinco e outra com catorze anos de idade. A autópsia permitiu constatar a presença de ferimentos mortais causados por um instrumento perfurante. No caso de Louise Lenzen (a mais velha), a arma cortara a artéria torácica e provocara morte por hemorragia. Quanto à pequena Gertrud Hamacher, a carótida e a grande veia tinham sido atingidas. 

Inúmeros policiais e trinta cães especialmente adestrados não conseguiram localizar o assassino.

Percebendo que era impossível assassinar suas vítimas com mais rapidez e eficácia, Kurten decide passar a atacá-las com um martelo, esfacelando-lhes o crânio. Em setembro, ele atacou brutalmente uma criada, Ida Reuter, com um martelo. A autópsia revelou que a mulher recebera treze golpes de martelo sobre a cabeça, fraturando-lhe o crânio.

Em outubro ele atacou duas mulheres com um martelo. 

Em 07 de novembro ele matou uma menina de cinco anos, Gertrud Albermann, primeiro por estrangulamento, depois apunhalando-a 36 vezes com uma tesoura. A autópsia revelou que a criança tinha duas feridas na têmpora e trinta e quatro no peito. Nove dos golpes haviam sido desferidos com tamanha violência que a arma atravessara o coração.

Em 1.930, em maio, Peter Kurten levou uma mulher, Marie Butlies, para sua casa. Comeram e depois foram ao campo. Peter Kurten tentou estuprá-la e estrangulá-la. Ela lutou e, em determinado momento, Kurten perguntou se ela lembrava seu endereço. Ela disse que não, e ele, acreditando, deixou-a ir embora. Ela o denunciou e ele foi detido, acabando por confessar à polícia crimes dos quais ninguém suspeitava que teriam sido cometidos por ele. 

Ao longo do processo Kurten confessaria que, em algumas ocasiões, teria ingerido o sangue de suas vítimas diretamente dos ferimentos que lhes causara.

No ano seguinte, Peter Kurten foi levado a julgamento, acusado de um total de nove homicídios, embora possa ter cometido muitos mais. A defesa tentou alegar insanidade, sem sucesso e ele foi condenado à morte pela guilhotina.

Inúmeras obras artísticas surgiram, no cinema, na música e no teatro, tendo por base a história de Peter Kurten, sendo a mais famosa delas o filme “M” de Fritz Lang, datado de 1.931, o qual, muito embora seu diretor negasse qualquer relação com a história de Kurten, acabou por se tornar mais conhecido como “M – O Vampiro de Dusseldorf”.

Ao tomar conhecimento da sua sentença de morte, Peter Kurten disse a um psiquiatra que seria a maior emoção da sua vida poder escutar o sangue escorrendo de seu pescoço, quando a lâmina caísse. 

Kurten não deve ter tido este último prazer, quando foi executado na guilhotina em 02 de junho de 1.931, na cidade de Colônia…



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