sábado, 25 de maio de 2019

MUSEU GÓTICO I - GOTHIC MUSEUM I



Tenho me dedicado ao colecionismo gótico desde 1.976, quando adquiri as primeiras peças de uma coleção que conta hoje com milhares de itens. A quantidade é tamanha que, apenas para mostrar algumas peças, percebi que a apresentação seria praticamente impossível de ser condensada numa única postagem.

Por isso, resolvi iniciar a apresentação parcial do acervo com as peças relacionadas aos filmes (cinema e DVD), hoje contando com mais de dois mil DVD (incluindo todos os filmes que serão citados nesta postagem) e centenas de peças publicitárias (cartazes, folhetos e fotografias).




O gênero gótico tem seu termo inicial reconhecido na literatura com a publicação do livro “O Castelo de Otranto” (“The Castle Of Otranto”), de Worace Walpole -1764. A ele sucederam-se centenas de publicações outras, dentre as quais se destacam “Frankenstein”, de Mary Shelley - 1820 e “Drácula” (“Dracula”), de Bram Stoker - 1897. Merecem especial destaque as obras de Edgard Allan Pöe - 1809 a 1849, como “O Corvo” (“The Raven”), “O Gato Preto” (The Black Cat”) e “A Queda da Casa de Usher” (“The Fall of the House of Usher”), entre tantas outras.

O cinema trilhou os sucessos da literatura, sendo boa prova disso a personagem “Drácula”, que inspirou mais de uma centena de filmes.





Desde o cinema mudo, trazendo “Nosferatu” – 1922, de F. W. Murneau, entre outros. Outra grande referência na história do cinema foi “O Gabinete do Dr. Caligari” (“Das Cabinet des Dr. Caligari”), uma das mais marcantes obras do expressionismo alemão, dirigido por Robert Wienne em 1919.

Os estúdios de Hollywood ainda possuíam grande relutância em produzir filmes do gênero. Um dos nomes que mais se destacou ao fomentar o investimento em filmes de terror foi o do ator Lon Channey, por interpretar diversos personagens em inúmeros filmes produzidos na década de 20, como os clássicos “O Corcunda Notre Dame” (“The Hunchback of Notre Dame”) - 1923 e “O Fantasma da Ópera” (“The Phantom of the Opera”) - 1925. Outro grande clássico da época é a primeira versão de “O Médico e o Monstro” (“Dr. Jekyll and Mr. Hyde”) - de 1920.

A partir da década de 30, os filmes de terror passam a ser produzidos tendo por base as histórias e lendas européias sobre vampiros, cientistas loucos e aristocratas insanos, a tazendo como principais personagens os antológicos Drácula e Frankenstein, das clássicas obras de Bram Stoker e Mary Shelley, respectivamente. Os estúdios da Universal tornaram-se célebres pela produção de dezenas de filmes com múmias, homens invisíveis e lobisomens. Bela Lugosi e Boris Karloff são dois atores que se destacam naquele período. Lugosi pela sua inesquecível representação do conde mais famoso da literatura em “Drácula” (“Dracula”) e Karloff pela sua brilhante atuação como o gigante grotesco “Frankenstein”, ambos em 1931. Outras obras representativas do cinema de horror dos anos 40 são os clássicos “King Kong”, “O Homem-Invisível” (”The Invisible Man”), inspirado na obra de H.G. Wells, ambos de 1933 e “A Múmia” (“The Mummy”) - 1932, com Boris Karloff no papel-título, entre outras.

Na década de 40, com a 2ª Guerra Mundial e o verdadeiro horror fazendo parte do dia-a-dia das pessoas, os filmes de terror acabaram ficando em baixa durante algum tempo. Mesmo assim inúmeros clássicos vieram a lume, como a refilmagem de “O Médico e o Monstro” (“Dr. Jekyll and Mr. Hyde”) – 1941, “O Lobisomem” (“The Wolf Man”) – 1941, “A Alma da Frankenstein” ou “O Fantasma de Frankenstein” (“The Ghost of Frankenstein”) – 1942, “Sangue de Pantera” (“Cat People”) – 1942, a refilmagem de “O Fantasma da Ópera” (“The Phantom of the Opera”) – 1943, “O Filho de Drácula” (“Son of Dracula”) – 1943, “A Maldição do Sangue da Pantera” (“The Curse of the Cat People”) – 1944 e “A Casa de Frankenstein” (“The House of Frankenstein”) – 1944, entre outros.

A década de 50 marcou a retomada do medo no cinema, principalmente através da produtora britânica Hammer Studios, seguindo a mesma trilha que tanto lucro deu à Universal, fazendo filmes baratos que usavam e abusavam dos – então recentes – recursos de cor e de muita sensualidade. O principal nome desse período, sem dúvida, é o de Christopher Lee, cuja interpretação do conde em “Drácula” ou “O Vampiro da Noite” (“Dracula” - 1958 fez história, assim como o incansável caçador de vampiros Dr. Van Helsing, vivido por Peter Cushing. A dupla fez inúmeros filmes para a Hammer, encarnando também o Dr. Franskenstein e sua criatura (Cushing e Lee, respectivamente) em “A Maldição de Frankenstein” (“The Curse of Frankenstein”) - 1957, entre outros. Destaque-se o péssimo, porém cultuado, “Plano 9 do Espaço Sideral” (“Plan 9 From Outer Space”) - 1959, que traz como um dos principais atores Bela Lugosi, falecido três dias antes de se iniciarem as filmagens. Para suprir a sua ausência, foram usados trechos não aproveitados de filmes anteriores daquele ator e um dublê, mais alto do que Lugosi e que, por ter compleição facial diferente, ocultava o rosto com a capa, gesto muito copiado posteriormente por vampiros de desenho animado.

Com a era atômica e o advento das notícias sobre discos voadores que passaram a surgir naquela década com mais intensidade, os filmes dos anos 50 passaram a ter também uma temática científica/sobrenatural; criaturas que emergiam de pântanos a partir de experiências atômicas, bolhas assassinas, tarântulas gigantes e homens com cabeça de mosca – “O Monstro da Lagoa Negra” (“Creature from the Black Lagoon”) - 1954, “A Bolha Assassina” (“The Blob”) de 1958, “Tarântula” (“Tarantula”) - 1955 e “A Mosca da Cabeça Branca” (“The Fly”) - 1958, faziam com que os cinemas estivessem sempre cheios, superando até os files da Disney, sendo os preferidos dos adolescentes e jovens.

Na virada dos anos 50/60 surgiu um dos maiores nomes da história dos filmes de terror: Roger Corman. Com o seu pequeno clássico “A Pequena Loja dos Horrores” (“Little Shop of Horrors”) - 1960, Corman mostrou que era possível assustar com classe e pouco dinheiro.

A década de 60 foi extremamente fértil para o gênero, destacando-se a obra de suspense de Alfred Hitchcock, em clássicos como “Psicose” (“Psycho”) - 1960 e “Os Pássaros” (“The Birds”) - 1963. O grande diretor George Romero, produziu o ultra-cult “A Noite dos Mortos-Vivos” (“Night of the Living Dead”) - 1968, que rendeu várias refilmagens e plágios, inclusive por parte dele próprio. O cineasta polonês Roman Polanski chega trouxe, em 1966, a comédia “A Dança dos Vampiros” (“The Fearless Vampire Killers”), estrelado por sua então esposa Sharon Tate e, em 1968, o apavorante “O Bebê de Rosemary” (“Rosemary’s Baby”), o qual teria dado causa ao assassinato da atriz Sharon Tate, esposa do diretor, por uma seita de satanistas.

No Brasil, surge Zé do Caixão (conhecido no exterior, especialmente nos Estados Unidos da América como Coffin’Joe, personagem de José Mojica Marins, um marco da cinematografia brasileira. Dentre sua vasta obra, merecem destaque os filmes “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” - 1964, “Esta Noite Encarnarei No Teu Cadáver” - 1966 (a trilogia só viria a ser completada em 2008, com o filme “A Encarnação do Demônio”. Também merece destaque o filme “O Despertar da Besta” ou “Ritual dos Sádicos” - 1969. 





A década de 70 trouxe a onda do cinema catástrofe, com o traumático “Tubarão” (“Jaws”) – 1975, de Steven Spielberg, “Terremoto” (“Earthquake”) - 1974, entre outros. Vale destacar o filme de suspense “Encurralado” (“Duel”) - 1971, também de Spielberg. O sangue jorrou solto com o filme independente “O Massacre da Serra Elétrica” (“The Texas Chain Saw Massacre”) - 1974, dirigido por Tobe Hooper e com o também independente “Halloween” de John Carpenter em 1978, no qual o mítico serial killer Michael Myers dispara o gatilho para a série de assassinos misteriosos e impiedosos que inundaram as telas nos anos 80. O terror alienígena ficou por conta de “Alien, O Oitavo Passageiro” (“Alien”) - 1979, onde Ridley Scott inaugurou um novo tipo de terror espacial.

O demônio também passou a ocupar espaço como importante personagem gótico naquela década com a possessão do filme “O Exorcista” (“The Exorcist”) - 1973, e o advento do anticristo em “A Profecia” (“The Omen”) - 1976. Espíritos malignos e poderes sobrenaturais também assombraram a plateia em obras como “Terror Em Amityville” (“The Amityville Horror”) - 1979, as inesquecíveis obras adaptadas do renomado escritor Stephen King, como “Carrie, A Estranha” (“Carrie”) - 1976, de Brian De Palma, e o também o cultuado “O Iluminado” (“The Shining”) - 1980, de Stanley Kubrick, trazendo um Jack Nicholson completamente ensandecido como protagonista. Outra marcante obra da época foi o restrito “Eraserhead” - 1977, um deslumbrante pesadelo surrealista que viria a lançar o nome do jovem diretor David Lynch.

A década de 80 trouxe a “espantomania”, com “A Hora do Espanto” (“Fright Night”) - 1985 e também marcou a ascensão dos "slashers" ou "splatters", filmes geralmente de baixo custo, sempre com um maníaco correndo atrás de jovens seminuas e muitos sustos. A principal referência é o famoso “Sexta-Feira 13” (“Friday the 13th”) - 1980, com o popular assassino Jason Vorhees. Seu concorrente mais conhecido, o tenebroso Freddy Krueger, surgiu em “A Hora do Pesadelo” (“A Nightmare on Elm Street”) - 1984, de Wes Craven.

Grandes nomes surgiram no cinema de horror nos anos 80, como David Cronenberg, com “Scanners, Sua Mente Pode Destruir” (“Scanners”) - 1981, “A Hora da Zona Morta” (“The Dead Zone”), uma adaptação de Stephen King de 1983, “Videodrome – A Síndrome do Vídeo” (“Videodrome”) - 1983, “A Mosca” (“The Fly”) - 1986, uma refilmagem do filme “A Mosca da Cabeça Branca” - 1958 e “Gêmeos – Mórbida Semelhança” (“Dead Ringers”) - 1988. No Brasil, o cineasta Ivan Cardoso trouxe a pornochanchada, “O Segredo da Múmia” - 1982.

Outros filmes que foram referência na década de 80 são: “Dia dos Namorados Macabro” (“My Bloody Valentine”) - 1981, “Evil Dead – A Morte do Demônio” - 1982, “Hellraiser – Renascido do Inferno” - 1987, “Gremlins” - 1984, “Re-Animator” (baseado num conto de H.P. Lovecraft) de 1985, “Demons – Os Filhos das Trevas” (“Demons”) de 1985, “Os Garotos Perdidos” (“The Lost Boys”) – 1987, Quando Chega A Escuridão (“Near Dark”) – 1987 e o apavorante “Brinquedo Assassino” (“Child's Play”) – 1988, iniciando a onda dos brinquedos assustadores. Com a então recente tecnologia dos aparelhos de videocassete, a indústria dos filmes de terror entrou numa nova era.

Nos anos 90 os filmes de terror ficaram mais rarefeitos e mal-feitos, muitos sendo lançados diretamente em vídeo. Algumas exceções são a nova versão de “Drácula de Bram Stoker” (“Bram Stoker's Dracula”) - 1992, realizada por Francis Ford Coppola (apesar de apresentar um final diferente do livro), a adaptação do livro de Anne Rice, “Entrevista Com O Vampiro” (“Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles”) - 1994, e a releitura de “Frankenstein de Mary Shelley” (“Mary Shelley's Frankenstein”) - 1994. Tim Burton foi um dos poucos talentos a despontar no período, realizando pequenas lindas obras com sua inimitável estética "dark", como “Edward Mãos de Tesoura” (“Edward Scissorhands”) - 1990 e “O Estranho Mundo de Jack” (“The Nightmare Before Christmas”) - 1993. O diretor Wes Craven volta ao cenário com “Pânico” (“Scream”) - 1996, na esteira dos serial killers dos anos 80, numa espécie de tributo aos jovens retalhados na década anterior, seguido por produções pouco expressivas como “Eu Sei O Que Vocês Fizeram No verão Passado” (“I Know What You Did Last Summer”) - 1997, entre outros.

O único filme que conseguiu quebrar esse marasmo de idéias foi o hiperestimado “A Bruxa de Blair” (“The Blair Witch Project”) - 1999, que se valeu de uma divulgação esperta no novo meio de comunicação de massas da época, a Internet.




Abrindo o novo milênio, temos, já na década de 2000 (2001 a 2010), “Rota 666 - A Estrada da Morte” (“Route 666”) – 2001, “A Espinha do Diabo” (“El Espinazo del Diablo”) - 2001, “O Pacto dos Lobos” (“Le Pacte des loups”) – 2001, o remake “Carrie” - 2002, “Resident Evil” – 2002, que deu início a uma longa série, o filme japonês “O Chamado” (“The Ring”) - 2002, “Freddy vs. Jason” – 2003, “Anjos da Noite” (“Underworld”) - 2003, “Alien vs. Predador” (“Alien vs. Predator”) - 2.004, “Exorcista - O Início” (“Exorcist: The Beginning”) - 2004,o remake “Horror em Amitiville” (“The Amityville horror") - 2005, “O Exorcismo de Emily Rose” (“The Exorcism of Emily Rose”) - 2005,  “Desespero” (“Desperation”) – 2006, baseado na obra homônima do mestre Stephen King, o remake “A Profecia” (“The Omen”) - 2006, “Turistas” – 2006, “Eu sou a Lenda” (“I Am Legend”) - 2007, “Os Mensageiros" (“The Messengers”) – 2007,  “O Orfanato” (“El Orfanato”) – 2007, “REC” – 2007, “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” (“Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street”) – 2007, “Atividade Paranormal” (“Paranormal Activity”)- 2007, “Anjo Maldito” (“It's Alive") - 2008, “A Órfã” (“Orphan”) – 2009, “Espantalho” (“Husk”) – 2010 e “O Ultimo Exorcismo” (“The Last Exorcism”) – 2010.
Merecem destaque, pelo sucesso alcançado, os “vampiros da guarda” de Stephenie Meyer em “Crepúsculo” (“Twilight”) – 2008, dando início à saga que teve como sequências os filmes “Lua Nova” (“New Moon”) - 2009, “Eclipse” – 2010, “Amanhecer – Parte 1” (“Breaking Dawn – Part 1”) – 2011 e “Amanhecer – Parte 2” (“Breaking Dawn – Part 2”) – 2012.
Também há que se destacar o filme “Encarnação do Demônio” - 2008, completando a trilogia de José Mojica Marins (Zé do Caixão) iniciada em 1963 com “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”, seguido em 1967 pelo filme “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver”.

Na década de 2010 vieram, desde 2011 até 2019, os filmes “A Coisa” (“It”), “O Ritual” (“The Rite”), “O Segredo da Cabana” (“The Cabin in the Woods”) e “Colega de Quarto” (“The Roommate”), todos de 2011; “Filha do Mal” (“The Devil Inside”), “Prometheus” e “Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros”, (“Abraham Lincoln: Vampire Hunter”), todos de 2012; “Invocação do Mal” (“The Conjuring”), “A Morte do Demônio” (“Evil Dead”), o remake “Carrie” (da obra de Stephen King), “Guerra Mundial Z” (“World War Z”), “Meu Namorado é um Zumbi” (“Warm Bodies”), “João e Maria Caçadores de Bruxas” (“Hansel and Gretel: Witch Hunters”) e “Willow Creek”, todos de 2013; “Annabelle”, “Extraterrestrial”, “I Frankenstein”, Voo 7500, “Drácula: A História Nunca Contada” (“Dracula Untold”), todos de 2014; “Exorcistas do Vaticano” (“The Vatican Tapes”), “A Forca” (“The Gallows”), “A Última Premonição” (“Visions”) e “O Uivo” (“Howl”), todos de 2015; “Quando as Luzes se Apagam” (“Lights Out”) – 2016; “Alien: Covenant” – 2017; “A Freira” (“The Nun”) e “Venom” de 2018; “Queen of Spades: Through the Looking Glass” e “Cemitério Maldito” (“Pet Sematary”), baseado na obra de Stephen King, ambos de 2019.




Conheça e curta os álbuns da coleção no “MUSEU GÓTICO” (“GOTHIC MUSEUM”) na página do Facebook indicada abaixo:


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Seja bem vindo ao castelo!

domingo, 5 de maio de 2019

O MASSACRE DO MC DONALD’S DE SAN YSIDRO NO TEXAS

Revista ISTOÉ SENHOR nº 1.153 de 30/10/1.991

O massacre de San Ysidro McDonald foi um tiroteio em massa que ocorreu em torno de um McDonald's no bairro de San Ysidro em San Diego em 18 de julho de 1984. James Huberty de 41 anos atirou e matou 21 pessoas e feriu outras 19 antes de ser morto pela equipe da SWAT.
Em 15 de julho de 1984, Huberty mencionou a sua esposa, Etna, que ele poderia estar mentalmente doente. Dois dias depois, em 17 de julho, Huberty ligou para uma clínica de saúde mental solicitando uma consulta. Na manhã seguinte, na manhã anterior ao massacre, Huberty levou sua esposa e suas filhas ao Zoológico de San Diego. Huberty disse a sua esposa que sentia como se sua vida tivesse acabado porque a clínica de saúde mental nunca retornou o telefonema. Ele afirmou que "a sociedade teve sua chance".
Quando voltaram para casa do zoológico, Huberty deu um beijo de despedida em sua esposa e disse a ela que estava "caçando humanos".


Revista MANCHETE de 02/11/1.991


Por volta das 03:45 da tarde do dia 18 de julho de 1984, em San Diego, um Ford Mercury Marquis preto seguiu em direção ao estacionamento do McDonald’s do outro lado da rua. O homem que desceu daquele carro intrigou Armando. Vestindo uma calça militar e uma camisa escura, ele carregava uma bolsa. Dentro dela, uma metralhadora Uzi semi-automática 9 milímetros, um rifle Winchester calibre .12 e uma pistola Browning HP.
Segundos depois, as pessoas que estavam dentro do McDonald’s escutariam um grito: “TODO MUNDO DEITADO!”

Todos que estavam lá dentro obedeceram as ordens. O que o homem queria? Assaltar? Roubar? Não.

Ele queria… matar! Sem dizer mais nenhuma palavra, o homem começou a atirar nas pessoas que estavam deitadas perto da porta. E continuou metodicamente atirando em todos que estavam lá dentro enquanto caminhava pelo estabelecimento. Maria Rivera, estava com sua família, dois filhos e o marido, Victor. Ao ver o homem disparando, abraçou seus dois filhos e viu seu marido virar para o homem e implorar para ele parar com aquilo. O atirador se virou para Victor e o atingiu com um tiro, Victor caiu no chão gritando. O homem foi em sua direção e gritou: “CALE A BOCA!”, e atirou de novo e de novo… 14 vezes.

Jornal FOLHA DE SÃO PAULO de 18/10/1.991

Jackie Reyes, uma jovem mãe de 18 anos, levou 48 tiros. Seu corpo já sem vida no chão contrastava com a de seu filho, Carlos Reyes, de apenas oito meses de idade. Ele estava vivo, envolto nos braços da mãe morta. Os sobreviventes que viram aquela cena nunca mais a esqueceriam: com uma pistola 9 milímetros na mão, o atirador mirou e matou o recém-nascido com um tiro nas costas.


Pessoas agonizavam e o homem voltava em meio às poças de sangue para terminar o serviço. Algumas tentaram fugir e foram atingidas com tiros nas costas. Outras conseguiram sair daquele maldito inferno, mas o homem as perseguiu matando-as no estacionamento. Outras conseguiram fugir e se esconderam atrás de carros.


Omar Hernandez, David Flores e Joshua Coleman, todos amigos de escola, e todos com 11 anos de idade, brincavam do lado de fora quando o massacre começou. Eles correram até suas bicicletas. Mas Omar Hernandez e David Flores caíram mortos. Joshua Coleman, fingindo-se de morto, escapou por um triz e pôde viver sua vida… casamento, filhos…

Alicia Garcia cozinhava quando as balas começaram a ricochetear. Ela e outros dois cozinheiros correram por uma escada até uma sala nos fundos. Ela e outros funcionários do McDonalds conseguiram escapar.

O primeiro carro da polícia chegou às 16 horas e 7 minutos. Imediatamente a polícia de San Diego pediu uma equipe da SWAT. “Mande a SWAT… mande TODO MUNDO!”, gritou pelo rádio um tenente de polícia ao ser recebido a tiros pelo atirador.

Seis quarteirões ao redor do McDonald’s foram fechados. O que se seguiu a partir daí parecia sair de um filme de Hollywood. Durante uma hora e dezessete minutos o atirador e a polícia travaram um duelo digno de filmes de faroeste. Encurralado dentro do McDonald’s, o atirador em fúria assassina parecia aqueles vilões saídos dos nossos piores pesadelos. Quem seria esse louco?

A sanguinária tarde do dia 18 de julho de 1984 só terminaria quando, às 17 horas e 7 minutos, um atirador de elite da SWAT mirou seu rifle Remington calibre .308 com mira telescópica bem no meio do peito do assassino em massa e acertou um tiro em seu coração. Mas a morte do assassino foi apenas o início da tragédia: 21 pessoas mortas e outras 19 feridas. A vítima mais jovem, Carlos Reyes, tinha apenas 8 meses de vida, já Miguel Ulloa, o mais velho, tinha 74 anos.

Não havia dúvidas: aquele McDonald’s havia sido palco do pior assassinato em massa cometido por um indivíduo solitário em toda história americana até então.

O chefe da polícia de San Diego, Bill Kolender, chamou o episódio de: “…a mais terrível coisa que eu já vi em minha vida e olha que eu já estou nesse negócio a 28 anos”.

Passado o desespero e o terror, veio a famosa pergunta que sempre é feita após esse tipo de episódio e que até hoje ninguém nunca conseguiu responder.

Por quê?

O McDonald's doou o imóvel para a cidade e um monumento foi erguido no local, em memória dos mortos.