Revista ISTOÉ SENHOR nº 1.153 de 30/10/1.991
O massacre de San Ysidro McDonald foi um tiroteio em massa que
ocorreu em torno de um McDonald's no bairro de San Ysidro em San Diego em 18 de
julho de 1984. James Huberty de 41 anos atirou e matou 21 pessoas e feriu
outras 19 antes de ser morto pela equipe da SWAT.
Em
15 de julho de 1984, Huberty mencionou a sua esposa, Etna, que ele poderia
estar mentalmente doente. Dois dias depois, em 17
de julho, Huberty ligou para uma clínica de saúde mental solicitando uma
consulta. Na
manhã seguinte, na manhã anterior ao massacre, Huberty levou sua esposa e suas
filhas ao Zoológico de San Diego. Huberty
disse a sua esposa que sentia como se sua vida tivesse acabado porque a clínica
de saúde mental nunca retornou o telefonema. Ele afirmou que "a sociedade teve sua chance".
Quando
voltaram para casa do zoológico, Huberty deu um beijo de despedida em sua
esposa e disse a ela que estava "caçando humanos".
Revista MANCHETE de 02/11/1.991
Por volta das 03:45 da tarde
do dia 18 de julho de 1984, em San Diego, um Ford Mercury Marquis preto seguiu
em direção ao estacionamento do McDonald’s do outro lado da rua. O homem que
desceu daquele carro intrigou Armando. Vestindo uma calça militar e uma camisa
escura, ele carregava uma bolsa. Dentro dela, uma metralhadora Uzi
semi-automática 9 milímetros, um rifle Winchester calibre .12 e uma pistola
Browning HP.
Segundos depois, as pessoas
que estavam dentro do McDonald’s escutariam um grito: “TODO MUNDO DEITADO!”
Todos que estavam lá dentro
obedeceram as ordens. O que o homem queria? Assaltar? Roubar? Não.
Ele queria… matar! Sem dizer
mais nenhuma palavra, o homem começou a atirar nas pessoas que estavam deitadas
perto da porta. E continuou metodicamente atirando em todos que estavam lá
dentro enquanto caminhava pelo estabelecimento. Maria Rivera, estava com sua
família, dois filhos e o marido, Victor. Ao ver o homem disparando, abraçou
seus dois filhos e viu seu marido virar para o homem e implorar para ele parar
com aquilo. O atirador se virou para Victor e o atingiu com um tiro, Victor
caiu no chão gritando. O homem foi em sua direção e gritou: “CALE A BOCA!”, e atirou
de novo e de novo… 14 vezes.
Jornal FOLHA DE SÃO PAULO de 18/10/1.991
Jackie Reyes, uma jovem mãe de 18 anos, levou 48 tiros. Seu corpo já sem vida no chão contrastava com a de seu filho, Carlos Reyes, de apenas oito meses de idade. Ele estava vivo, envolto nos braços da mãe morta. Os sobreviventes que viram aquela cena nunca mais a esqueceriam: com uma pistola 9 milímetros na mão, o atirador mirou e matou o recém-nascido com um tiro nas costas.
Pessoas agonizavam e o homem voltava em meio às poças de sangue para terminar o serviço. Algumas tentaram fugir e foram atingidas com tiros nas costas. Outras conseguiram sair daquele maldito inferno, mas o homem as perseguiu matando-as no estacionamento. Outras conseguiram fugir e se esconderam atrás de carros.
Omar Hernandez, David Flores
e Joshua Coleman, todos amigos de escola, e todos com 11 anos de idade,
brincavam do lado de fora quando o massacre começou. Eles correram até suas
bicicletas. Mas Omar Hernandez e David Flores caíram mortos. Joshua Coleman, fingindo-se
de morto, escapou por um triz e pôde viver sua vida… casamento, filhos…
Alicia Garcia cozinhava
quando as balas começaram a ricochetear. Ela e outros dois cozinheiros correram
por uma escada até uma sala nos fundos. Ela e outros funcionários do McDonalds conseguiram
escapar.
O primeiro carro da polícia
chegou às 16 horas e 7 minutos. Imediatamente a polícia de San Diego pediu uma
equipe da SWAT. “Mande a SWAT… mande TODO MUNDO!”, gritou pelo rádio um tenente
de polícia ao ser recebido a tiros pelo atirador.
Seis quarteirões ao redor do
McDonald’s foram fechados. O que se seguiu a partir daí parecia sair de um filme
de Hollywood. Durante uma hora e dezessete minutos o atirador e a polícia
travaram um duelo digno de filmes de faroeste. Encurralado dentro do McDonald’s,
o atirador em fúria assassina parecia aqueles vilões saídos dos nossos piores
pesadelos. Quem seria esse louco?
A sanguinária tarde do dia
18 de julho de 1984 só terminaria quando, às 17 horas e 7 minutos, um atirador
de elite da SWAT mirou seu rifle Remington calibre .308 com mira telescópica
bem no meio do peito do assassino em massa e acertou um tiro em seu coração.
Mas a morte do assassino foi apenas o início da tragédia: 21 pessoas mortas e
outras 19 feridas. A vítima mais jovem, Carlos Reyes, tinha apenas 8 meses de
vida, já Miguel Ulloa, o mais velho, tinha 74 anos.
Não havia dúvidas: aquele
McDonald’s havia sido palco do pior assassinato em massa cometido por um indivíduo
solitário em toda história americana até então.
O chefe da polícia de San
Diego, Bill Kolender, chamou o episódio de: “…a mais terrível coisa que eu já
vi em minha vida e olha que eu já estou nesse negócio a 28 anos”.
Passado o desespero e o
terror, veio a famosa pergunta que sempre é feita após esse tipo de episódio e que
até hoje ninguém nunca conseguiu responder.
Por quê?
O McDonald's doou o imóvel para a cidade e um monumento foi
erguido no local, em memória dos mortos.
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