Tenho me dedicado ao colecionismo gótico desde 1.976,
quando adquiri as primeiras peças de uma coleção que conta hoje com milhares de
itens. A quantidade é tamanha que, apenas para mostrar algumas peças, percebi
que a apresentação seria praticamente impossível de ser condensada numa única
postagem.
Por isso, resolvi iniciar a apresentação parcial do
acervo com as peças relacionadas aos filmes (cinema e DVD), hoje contando com
mais de dois mil DVD (incluindo todos os filmes que serão citados nesta
postagem) e centenas de peças publicitárias (cartazes, folhetos e fotografias).
O gênero gótico tem seu termo inicial reconhecido na
literatura com a publicação do livro “O Castelo de Otranto” (“The Castle Of
Otranto”), de Worace Walpole -1764. A ele sucederam-se centenas de publicações
outras, dentre as quais se destacam “Frankenstein”, de Mary Shelley - 1820 e
“Drácula” (“Dracula”), de Bram Stoker - 1897. Merecem especial destaque as
obras de Edgard Allan Pöe - 1809 a 1849, como “O Corvo” (“The Raven”), “O Gato
Preto” (The Black Cat”) e “A Queda da Casa de Usher” (“The Fall of the House of
Usher”), entre tantas outras.
O cinema trilhou os sucessos da literatura, sendo boa
prova disso a personagem “Drácula”, que inspirou mais de uma centena de filmes.
Desde o cinema mudo, trazendo “Nosferatu” – 1922,
de F. W. Murneau, entre outros. Outra grande referência na história do cinema
foi “O Gabinete do Dr. Caligari” (“Das Cabinet des Dr. Caligari”), uma das mais
marcantes obras do expressionismo alemão, dirigido por Robert Wienne em 1919.
Os estúdios de Hollywood ainda possuíam grande
relutância em produzir filmes do gênero. Um dos nomes que mais se destacou ao
fomentar o investimento em filmes de terror foi o do ator Lon Channey, por
interpretar diversos personagens em inúmeros filmes produzidos na década de 20,
como os clássicos “O Corcunda Notre Dame” (“The Hunchback of Notre Dame”) -
1923 e “O Fantasma da Ópera” (“The Phantom of the Opera”) - 1925. Outro grande
clássico da época é a primeira versão de “O Médico e o Monstro” (“Dr. Jekyll
and Mr. Hyde”) - de 1920.
A partir da década de 30, os filmes de terror passam
a ser produzidos tendo por base as histórias e lendas européias sobre vampiros,
cientistas loucos e aristocratas insanos, a tazendo como principais personagens
os antológicos Drácula e Frankenstein, das clássicas obras de Bram Stoker e
Mary Shelley, respectivamente. Os estúdios da Universal tornaram-se célebres
pela produção de dezenas de filmes com múmias, homens invisíveis e lobisomens.
Bela Lugosi e Boris Karloff são dois atores que se destacam naquele período. Lugosi
pela sua inesquecível representação do conde mais famoso da literatura em
“Drácula” (“Dracula”) e Karloff pela sua brilhante atuação como o gigante
grotesco “Frankenstein”, ambos em 1931. Outras obras representativas do cinema
de horror dos anos 40 são os clássicos “King Kong”, “O Homem-Invisível” (”The
Invisible Man”), inspirado na obra de H.G. Wells, ambos de 1933 e “A Múmia”
(“The Mummy”) - 1932, com Boris Karloff no papel-título, entre outras.
Na década de 40, com a 2ª Guerra Mundial e
o verdadeiro horror fazendo parte do dia-a-dia das pessoas, os filmes de terror
acabaram ficando em baixa durante algum tempo. Mesmo assim inúmeros clássicos
vieram a lume, como a refilmagem de “O Médico e o Monstro” (“Dr. Jekyll and Mr.
Hyde”) – 1941, “O Lobisomem” (“The Wolf Man”) – 1941, “A Alma da Frankenstein”
ou “O Fantasma de Frankenstein” (“The Ghost of Frankenstein”) – 1942, “Sangue
de Pantera” (“Cat People”) – 1942, a refilmagem de “O Fantasma da Ópera” (“The
Phantom of the Opera”) – 1943, “O Filho de Drácula” (“Son of Dracula”) – 1943, “A
Maldição do Sangue da Pantera” (“The Curse of the Cat People”) – 1944 e “A Casa
de Frankenstein” (“The House of Frankenstein”) – 1944, entre outros.
A década de 50 marcou a retomada do medo
no cinema, principalmente através da produtora britânica Hammer Studios,
seguindo a mesma trilha que tanto lucro deu à Universal, fazendo filmes baratos
que usavam e abusavam dos – então recentes – recursos de cor e de muita
sensualidade. O principal nome desse período, sem dúvida, é o de Christopher Lee,
cuja interpretação do conde em “Drácula” ou “O Vampiro da Noite” (“Dracula” - 1958
fez história, assim como o incansável caçador de vampiros Dr. Van Helsing,
vivido por Peter Cushing. A dupla fez inúmeros filmes para a Hammer, encarnando
também o Dr. Franskenstein e sua criatura (Cushing e Lee, respectivamente) em
“A Maldição de Frankenstein” (“The Curse of Frankenstein”) - 1957, entre
outros. Destaque-se o péssimo, porém cultuado, “Plano 9 do Espaço Sideral” (“Plan
9 From Outer Space”) - 1959, que traz como um dos principais atores Bela
Lugosi, falecido três dias antes de se iniciarem as filmagens. Para suprir a
sua ausência, foram usados trechos não aproveitados de filmes anteriores
daquele ator e um dublê, mais alto do que Lugosi e que, por ter compleição
facial diferente, ocultava o rosto com a capa, gesto muito copiado
posteriormente por vampiros de desenho animado.
Com a era atômica e o advento das notícias sobre discos
voadores que passaram a surgir naquela década com mais intensidade, os filmes
dos anos 50 passaram a ter também uma temática científica/sobrenatural;
criaturas que emergiam de pântanos a partir de experiências atômicas, bolhas
assassinas, tarântulas gigantes e homens com cabeça de mosca – “O Monstro da Lagoa
Negra” (“Creature from the Black Lagoon”) - 1954, “A Bolha Assassina” (“The
Blob”) de 1958, “Tarântula” (“Tarantula”) - 1955 e “A Mosca da Cabeça Branca”
(“The Fly”) - 1958, faziam com que os cinemas estivessem sempre cheios,
superando até os files da Disney, sendo os preferidos dos adolescentes e
jovens.
Na virada dos anos 50/60 surgiu um dos maiores nomes da história dos
filmes de terror: Roger Corman. Com o seu pequeno clássico “A Pequena Loja dos
Horrores” (“Little Shop of Horrors”) - 1960, Corman mostrou que era possível
assustar com classe e pouco dinheiro.
A década de 60 foi extremamente fértil para o gênero, destacando-se
a obra de suspense de Alfred Hitchcock, em clássicos como “Psicose” (“Psycho”) -
1960 e “Os Pássaros” (“The Birds”) - 1963. O grande diretor George Romero,
produziu o ultra-cult “A Noite dos Mortos-Vivos” (“Night of the Living Dead”) -
1968, que rendeu várias refilmagens e plágios, inclusive por parte dele
próprio. O cineasta polonês Roman Polanski chega trouxe, em 1966, a comédia “A
Dança dos Vampiros” (“The Fearless Vampire Killers”), estrelado por sua então
esposa Sharon Tate e, em 1968, o apavorante “O Bebê de Rosemary” (“Rosemary’s
Baby”), o qual teria dado causa ao assassinato da atriz Sharon Tate, esposa do
diretor, por uma seita de satanistas.
No Brasil, surge Zé do Caixão (conhecido no exterior,
especialmente nos Estados Unidos da América como Coffin’Joe, personagem de José
Mojica Marins, um marco da cinematografia brasileira. Dentre sua vasta obra,
merecem destaque os filmes “À Meia-Noite Levarei Sua Alma” - 1964, “Esta Noite
Encarnarei No Teu Cadáver” - 1966 (a trilogia só viria a ser completada em 2008,
com o filme “A Encarnação do Demônio”. Também merece destaque o filme “O
Despertar da Besta” ou “Ritual dos Sádicos” - 1969.
A década de 70 trouxe a onda do cinema
catástrofe, com o traumático “Tubarão” (“Jaws”) – 1975, de Steven Spielberg,
“Terremoto” (“Earthquake”) - 1974, entre outros. Vale destacar o filme de
suspense “Encurralado” (“Duel”) - 1971, também de Spielberg. O sangue jorrou
solto com o filme independente “O Massacre da Serra Elétrica” (“The Texas Chain
Saw Massacre”) - 1974, dirigido por Tobe Hooper e com o também independente “Halloween”
de John Carpenter em 1978, no qual o mítico serial killer Michael Myers dispara
o gatilho para a série de assassinos misteriosos e impiedosos que inundaram as
telas nos anos 80. O terror alienígena ficou por conta de “Alien, O Oitavo
Passageiro” (“Alien”) - 1979, onde Ridley Scott inaugurou um novo tipo de
terror espacial.
O demônio também passou a ocupar espaço como importante
personagem gótico naquela década com a possessão do filme “O Exorcista” (“The
Exorcist”) - 1973, e o advento do anticristo em “A Profecia” (“The Omen”) -
1976. Espíritos malignos e poderes sobrenaturais também assombraram a plateia
em obras como “Terror Em Amityville” (“The Amityville Horror”) - 1979, as
inesquecíveis obras adaptadas do renomado escritor Stephen King, como “Carrie,
A Estranha” (“Carrie”) - 1976, de Brian De Palma, e o também o cultuado “O
Iluminado” (“The Shining”) - 1980, de Stanley Kubrick, trazendo um Jack
Nicholson completamente ensandecido como protagonista. Outra marcante obra da
época foi o restrito “Eraserhead” - 1977, um deslumbrante pesadelo surrealista
que viria a lançar o nome do jovem diretor David Lynch.
A década de 80 trouxe a “espantomania”,
com “A Hora do Espanto” (“Fright Night”) - 1985 e também marcou a ascensão dos
"slashers" ou "splatters", filmes geralmente de baixo
custo, sempre com um maníaco correndo atrás de jovens seminuas e muitos sustos.
A principal referência é o famoso “Sexta-Feira 13” (“Friday the 13th”) - 1980,
com o popular assassino Jason Vorhees. Seu concorrente mais conhecido, o tenebroso
Freddy Krueger, surgiu em “A Hora do Pesadelo” (“A Nightmare on Elm Street”) -
1984, de Wes Craven.
Grandes nomes surgiram no cinema de horror nos anos 80,
como David Cronenberg, com “Scanners, Sua Mente Pode Destruir” (“Scanners”) -
1981, “A Hora da Zona Morta” (“The Dead Zone”), uma adaptação de Stephen King
de 1983, “Videodrome – A Síndrome do Vídeo” (“Videodrome”) - 1983, “A Mosca”
(“The Fly”) - 1986, uma refilmagem do filme “A Mosca da Cabeça Branca” - 1958 e
“Gêmeos – Mórbida Semelhança” (“Dead Ringers”) - 1988. No Brasil, o cineasta
Ivan Cardoso trouxe a pornochanchada, “O Segredo da Múmia” - 1982.
Outros filmes que foram referência na década de 80 são:
“Dia dos Namorados Macabro” (“My Bloody Valentine”) - 1981, “Evil Dead – A
Morte do Demônio” - 1982, “Hellraiser – Renascido do Inferno” - 1987, “Gremlins”
- 1984, “Re-Animator” (baseado num conto de H.P. Lovecraft) de 1985, “Demons –
Os Filhos das Trevas” (“Demons”) de 1985, “Os Garotos Perdidos” (“The Lost
Boys”) – 1987, Quando Chega A Escuridão (“Near Dark”) – 1987 e o apavorante
“Brinquedo Assassino” (“Child's Play”) – 1988, iniciando a onda dos brinquedos
assustadores. Com a então recente tecnologia dos aparelhos de videocassete, a
indústria dos filmes de terror entrou numa nova era.
Nos anos 90 os filmes de terror ficaram
mais rarefeitos e mal-feitos, muitos sendo lançados diretamente em vídeo.
Algumas exceções são a nova versão de “Drácula de Bram Stoker” (“Bram Stoker's
Dracula”) - 1992, realizada por Francis Ford Coppola (apesar de apresentar um
final diferente do livro), a adaptação do livro de Anne Rice, “Entrevista Com O
Vampiro” (“Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles”) - 1994, e a
releitura de “Frankenstein de Mary Shelley” (“Mary Shelley's Frankenstein”) - 1994.
Tim Burton foi um dos poucos talentos a despontar no período, realizando
pequenas lindas obras com sua inimitável estética "dark", como
“Edward Mãos de Tesoura” (“Edward Scissorhands”) - 1990 e “O Estranho Mundo de
Jack” (“The Nightmare Before Christmas”) - 1993. O diretor Wes Craven volta ao
cenário com “Pânico” (“Scream”) - 1996, na esteira dos serial killers dos anos
80, numa espécie de tributo aos jovens retalhados na década anterior, seguido
por produções pouco expressivas como “Eu Sei O Que Vocês Fizeram No verão
Passado” (“I Know What You Did Last Summer”) - 1997, entre outros.
O único filme que conseguiu quebrar esse marasmo de
idéias foi o hiperestimado “A Bruxa de Blair” (“The Blair Witch Project”) - 1999,
que se valeu de uma divulgação esperta no novo meio de comunicação de massas da
época, a Internet.
Abrindo o novo milênio, temos, já na década de 2000 (2001 a 2010), “Rota
666 - A Estrada da Morte” (“Route 666”) – 2001, “A Espinha do Diabo” (“El
Espinazo del Diablo”) - 2001, “O Pacto dos Lobos” (“Le Pacte des loups”) –
2001, o remake “Carrie” - 2002, “Resident Evil” – 2002, que deu início a uma
longa série, o filme japonês “O Chamado” (“The Ring”) - 2002, “Freddy vs.
Jason” – 2003, “Anjos da Noite” (“Underworld”) - 2003, “Alien vs. Predador”
(“Alien vs. Predator”) - 2.004, “Exorcista - O Início” (“Exorcist: The
Beginning”) - 2004,o remake “Horror em Amitiville” (“The Amityville horror") - 2005,
“O Exorcismo de Emily Rose”
(“The Exorcism of Emily Rose”) - 2005, “Desespero” (“Desperation”) – 2006, baseado na
obra homônima do mestre Stephen King, o remake “A Profecia” (“The Omen”) -
2006, “Turistas” – 2006, “Eu sou a Lenda”
(“I Am Legend”) - 2007, “Os Mensageiros" (“The Messengers”) – 2007, “O Orfanato” (“El
Orfanato”) – 2007, “REC” – 2007, “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua
Fleet” (“Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street”) – 2007, “Atividade
Paranormal” (“Paranormal Activity”)- 2007, “Anjo Maldito” (“It's Alive") - 2008,
“A Órfã” (“Orphan”)
– 2009, “Espantalho” (“Husk”) – 2010 e “O Ultimo Exorcismo” (“The Last
Exorcism”) – 2010.
Merecem destaque,
pelo sucesso alcançado, os “vampiros da guarda” de Stephenie Meyer em
“Crepúsculo” (“Twilight”) – 2008, dando início à saga que teve como sequências
os filmes “Lua Nova” (“New Moon”) - 2009, “Eclipse” – 2010, “Amanhecer – Parte
1” (“Breaking Dawn – Part 1”) – 2011 e “Amanhecer – Parte 2” (“Breaking Dawn –
Part 2”) – 2012.
Também há que se
destacar o filme “Encarnação do Demônio” - 2008, completando a trilogia de José Mojica
Marins (Zé do Caixão) iniciada em 1963 com “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”,
seguido em 1967 pelo filme “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver”.
Na década de 2010 vieram, desde
2011 até 2019, os filmes “A Coisa” (“It”), “O Ritual” (“The Rite”), “O Segredo
da Cabana” (“The Cabin in the Woods”) e “Colega de Quarto” (“The Roommate”),
todos de 2011; “Filha do Mal” (“The Devil Inside”), “Prometheus” e “Abraham
Lincoln: Caçador de Vampiros”, (“Abraham Lincoln: Vampire Hunter”), todos de
2012; “Invocação do Mal” (“The Conjuring”), “A Morte do Demônio” (“Evil Dead”),
o remake “Carrie” (da obra de Stephen King), “Guerra Mundial Z” (“World War
Z”), “Meu Namorado é um Zumbi” (“Warm Bodies”), “João e Maria Caçadores de
Bruxas” (“Hansel and Gretel: Witch Hunters”) e “Willow Creek”, todos de 2013;
“Annabelle”, “Extraterrestrial”, “I Frankenstein”, Voo 7500, “Drácula: A
História Nunca Contada” (“Dracula Untold”), todos de 2014; “Exorcistas do
Vaticano” (“The Vatican Tapes”), “A Forca” (“The Gallows”), “A Última
Premonição” (“Visions”) e “O Uivo” (“Howl”), todos de 2015; “Quando as Luzes se
Apagam” (“Lights Out”) – 2016; “Alien: Covenant” – 2017; “A Freira” (“The Nun”)
e “Venom” de 2018; “Queen of Spades: Through the Looking Glass” e “Cemitério
Maldito” (“Pet Sematary”), baseado na obra de Stephen King, ambos de 2019.
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